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30 de julho de 2013

Uma vez jovem, sempre jovem?



O envelhecimento postergado em nossa mente é fruto da mídia, o que não nos torna eternamente jovens, mas eternamente consumidores do mundo da moda, do cosmético, das cirurgias plásticas, das novidades eletrônicas e de tantos outros produtos disponíveis nas prateleiras da juventude.

“Eis que fizeste os meus dias como palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme [Jovem] que esteja, é totalmente vaidade”. Salmos 39.5


Assim como as estações climáticas passam, pois estão contidas no ano, as fases de desenvolvimento da vida estão contidas no tempo e todas passam.

Nós passamos pela fase da infância, adolescência, juventude, adulta e, por último, mas não menos importante, a terceira idade.

“Parabolando”, tudo isso é como um ônibus que ninguém sabe de onde vem; e que no caminho recebe três passageiros, dos quais o primeiro a descer, depois de iniciar a viagem, é uma criança, seguido então um adulto e, por último, um idoso aparentando bem mais de 60 anos. E então o ônibus segue com destino à última estação, que não é o terminal.

Os passageiros são as fases da vida, que passam, e o ônibus é o tempo que continua.

Quando somos adolescentes, queremos acelerar o ônibus, mas é impossível assumir o lugar do motorista. Já, quando somos idosos, nossa maior vontade é voltar o ônibus, mas esse não dispõe da marcha-ré.

Se algo que desejamos muito não é possível de acontecer, nossa mente logo começa a sentir a sensação de como seria se tivesse acontecido, ou seja, o adolescente não pode avançar no futuro, então ele sonha, e a sensação do sonho o faz se sentir no futuro, o idoso não pode voltar no passado, então ele sente saudade, e a sensação da lembrança o faz se sentir no passado.

E os jovens?

Os jovens na verdade não quererem descer do ônibus, eles querem eternizar a juventude, querem se manter jovens, mesmo não sendo mais.

A escritora e psicanalista Maria Rita Kehl dizem que “a vaga de adulto em nossa sociedade esta desocupada”. Os jovens que até então eram predestinados a ocuparem tais vagas, estão resistindo a tudo e a todos para se mantiver juvenis.

O motivo pelo qual os jovens não querem descer do ônibus é de cunho cultural. O público que mais consome são os jovens, e a mídia faz da promessa da “eterna juventude” um mecanismo fundamental para sustentar em alta esses consumidores que são jovens, que se sentem jovens e que não aceitam ser adultos.

A cultura produziu a ideia de que ser adulto é ter menos vitalidade, que o adulto aproveita menos a vida, que ser pai de família é parar de viver, que a terceira idade é como o fim da vida. A supervalorizarão da juventude está inserida em nossa cultura e ninguém percebe que condicionar o prazer da vida à juventude é uma enorme burrice. Eternizar a juventude é tentar parar o tempo, o “ônibus” que não para nunca. Aqueles que pensam ainda ser jovens estão de fato mentindo para si mesmos, são pessoas produzidas por essa cultura.

O envelhecimento postergado em nossa mente é fruto da mídia, o que não nos torna eternamente jovens, mas eternamente consumidores do mundo da moda, do cosmético, das cirurgias plásticas, das novidades eletrônicas e de tantos outros produtos disponíveis nas prateleiras da juventude.

Que possamos deixar o ônibus seguir o seu caminho, e que desçamos no ponto certo, convictos de que todas as fases da vida reservam emoções ainda não sentidas na fase (ponto) anterior.

Alan César Corrêa


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