Eles não beijam na boca durante o namoro e defendem o sexo somente após o casamento. O objetivo: conhecer o verdadeiro amor.Jovens evangélicos adeptos da 'corte' optam por abdicar do contato físico.Psicóloga argumenta que sociedade deturpou o sexo e a sensualidade.
O casal conta que os dois são adeptos da pureza sexual até o casamento e durante este período de relacionamento não tiveram relação sexual. “Preferi me preservar. Nos abdicamos do contato físico, do toque, para focar nosso relacionamento na amizade e em conhecer um ao outro”, comenta Rafael. Ele destaca também que a escolha ajuda ainda em ter uma vida emocional equilibrada.
Para Heloísa, a união do casal está respaldada na santidade e em princípios que estão descritos na bíblia. Ela argumenta que o contato físico pode contribuir para que o namoro saia do foco e, por conta disso, o máximo que fazem é pegar na mão e abraçar. “Sabemos que o beijo não é pecado, até porque a bíblia não se refere a isso. Porém, o sexo é, por isso evitamos. Mas não se trata de uma regra. Somos livres para optar e escolher”, pontua.
A jovem disse que já teve outros relacionamentos fora da igreja e que as experiências só reforçam o estilo adotado no namoro atual. “Somos guardados do prejuízo que é ter um coração machucado e ferido”.
Corte
O casal já marcou a data do casamento para o mês de março de 2013. E para chegar até lá, Rafael e Heloísa contam que o namoro dos moldes atuais foi trocado para a modalidade “corte”, no sentido de resgatar valores que se perderam.
Voltamos ao tempo em que nossos pais namoravam na sala com a presença da família toda"
Heitor Laranjo-Pastor
Mas para Rafael, isso não é uma tarefa fácil. Ele ressalta que o preconceito da sociedade é grande e que a castidade ainda é um assunto polêmico. Cursando engenharia civil, o universitário disse que já foi até chamado de louco por colegas. “A postura vai contra as regras ditadas pela sociedade. É difícil para muitos aceitarem que alguém em pleno século 21 pense assim. No entanto, quando se tem convicção, seguimos em frente”, avalia.
Veredas antigas
Ou então, segundo Heitor, chegam ao casamento e não conseguem sustentá-lo por falta de amadurecimento. Além disso, percebem que se casaram com a pessoa errada. “Por isso a corte é diferente do namoro, pois preserva o conhecimento entre o casal. Não é respaldado em beijo ou sexo. Voltamos ao tempo em que nossos pais e avós namoravam na sala com a presença da família toda”, reforça.
O molde de relacionamento tem ganhado cada vez mais adeptos nas igrejas evangélicas do país. O movimento “Eu Escolhi Esperar”, por exemplo, que prega a virgindade até o matrimônio tem sido disseminado cada vez mais nas redes sociais e já ganhou millhares de seguidores no Facebook e Twitter.
A adesão à corte, conforme o pastor Heitor Henrique, é feito por casais, preferencialmente a partir de18 anos e que têm o objetivo de casamento. “É muito maior que um movimento de pró-sexualidade. É o resgate das veredas antigas”, observa.
Precoce
“A questão afetiva e familiar hoje está banalizada. São muitos jovens e adolescentes começando uma vida sentimental sem estrutura. Sabemos que cada coisa tem o seu tempo e priorizar isso ajuda a minimizar os problemas que afetam a juventude”, frisou Maria Auxiliadora.
“A questão afetiva e familiar hoje está banalizada. São muitos jovens e adolescentes começando uma vida sentimental sem estrutura. Sabemos que cada coisa tem o seu tempo e priorizar isso ajuda a minimizar os problemas que afetam a juventude”, frisou Maria Auxiliadora.
Casal optou em preservar a pureza sexual até o
altar (Foto: Arquivo Pessoal)
altar (Foto: Arquivo Pessoal)
Os frutos de um relacionamento preservado na pureza sexual, são o que o casal Sandro Cruz, de 28 anos, e Maria Aparecida de Assis da Cruz, de 29, garantem estar colhendo. Com apenas três de meses de namoro, eles se casaram e optaram pela castidade até subir ao altar.
Para Sandro foi a melhor opção que fez, após ter namoros fora dos padrões da igreja que geraram problemas sentimentais. “Começamos a nos conhecer e o sentimento foi aumentando. Percebi que já poderia me casar e fiz tudo dentro que acreditei estar correto. Hoje percebo que valeu à pena porque tenho um casamento recheado de respeito, confiança e carinho”, revela.
Maria Aparecida, que tem uma filha de sete anos, disse que não teve dúvidas em se preservar. Ela disse que foi difícil a caminhada, mas a vontade de encontrar o verdadeiro amor falou mais alto. “A questão é dar valor às coisas que se perdem no decorrer da relação. Nossa prioridade foi a amizade e a base do evangelho. Hoje vejo o quanto essa escolha fez a diferença em minha vida”.
A doutora em psicologia comunitária Maria Auxiliadora de Oliveira avalia que a sociedade contemporânea deturpou o sexo ao explorar a sensualidade.
Segundo ela, está cada vez intenso o desenvolvimento precoce da sexualidade, o que tem aumentado os casos de gravidez na adolescência.
O pastor Heitor Henrique Laranjo, de 27 anos, explica que a área sentimental é a que mais aflige o solteiro. Responsável por trabalhos desenvolvidos com jovens e adolescentes na Igreja Videira, em Cuiabá, o pastor avalia que muitos jovens estão tendo diversos relacionamentos e que chegam a um ponto de frustração emocional muito cedo.
Este é o estilo de relacionamento que muitos jovens evangélicos têm adotado como princípio para uma vida “emocionalmente saudável”.
É o que o universitário Rafael Almeida, de 22 anos, e Heloísa Lugato, de 24 anos, formada em direito, garantem estar vivenciando há mais de um ano.
Fonte:Kelly Martins Do G1 MT
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