Primeiro, se você me
conhece desde meados da adolescência, lembrará que Chapolin era uma de minhas
séries favoritas da TV. Segundo, se você conhece uma das pessoas que mais
admiro nessa vida (Tião), saberá que o Salmo 121 é o seu preferido. Na fusão
destas ideias, tem um pano de fundo me dizendo que tudo aquilo que amamos deve
estar sempre em plena conexão.
Semelhanças e diferenças
“Levanto os meus olhos
para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?”
“Oh, e agora: quem poderá
me ajudar?”
As duas frases acima
dispensariam comentários. São muitos os pontos de congruência entre ambas. A
sensação é que os personagens de Roberto Gómez Bolaños e a pessoa que escreveu
o Salmo 121 pareciam estar na mesma busca.
A diferença aparece logo
nas respostas. Se os tantos questionamentos da vida une pessoas por boas
temporadas, o encontro de algumas respostas pode distancia-las para sempre. Ser
semelhante à outra pessoa não significa ser igual a ela.
“O meu socorro vem do
Senhor, que fez os céus e a terra”.
“Eu! O Chapolin Colorado –
Não contavam com minha astúcia?”
Em vez de sua segurança
vir de um herói engraçado e atrapalhado, o refúgio do salmista, estava no Deus
criador de tudo que existe. Esse também é um “cântico de degraus” ou um
“cântico para a romagem” (shîr lamm‘alôt). Este salmo parece colocá-los no
momento da saída de seus lares a fim de seguir sua jornada até Jerusalém. De
certo modo, esse era um momento alegre, mas também representava uma ocasião de
preocupação e aflição, pois aquelas pessoas teriam de deixar seus lares
desprotegidos e suas preciosas famílias, além do seu patrimônio e realizarem
longas viagens. O perigo de sair de casa não era somente para quem ficava, mas
também para os que viajavam.
Nisto, o salmista busca
proteção no Senhor e põe nele sua confiança desde sua saída até seu retorno
(v.7), atravessando os muitos perigos da sua jornada “morro acima” até
Jerusalém (v.1). Não é sem motivo que Deus é chamado várias vezes de “guarda”
ou “protetor” (shomer).
Em quem será que temos
confiado?
Em uma cultura
individualista como a nossa, onde impera a faceta da “Lei do mais forte”, a
identidade está diretamente ligada às habilidades e conquistas, fazendo muita
gente achar que possui o poder do martelo do Thor, quando na verdade, carregam
a marreta biônica do Chapolin Colorado – (comprando na barraca da feira ou na
loja da Rua 25 de março).
Timothy Keller, em seu
livro “Deuses Falsos”, descreve com muita propriedade:
“O coração do homem toma
coisas boas, como uma carreira de sucesso, um amor, os bens materiais, e até a
família, e faz delas seus bens últimos. Nosso coração as diviniza como se
fossem o centro de nossa vida, porque achamos que podem nos dar significado e
proteção, segurança e satisfação, se a alcançarmos.
Um deus falso é qualquer
coisa que seja tão central e essencial em sua vida que, caso você a perca,
achará difícil continuar vivendo.
A única forma de nos
libertarmos da influência destrutiva dos deuses falsos é nos voltarmos para o
verdadeiro Deus”.
Que nossa confiança não
esteja em martelos nem em marretas biônicas, nem em coisa alguma: segurança,
poder, “status quo”, beleza, ética, ideologia, dinheiro.
O salmista tinha plena
convicção em sua fonte de esperança:
- Da capacidade do
Protetor (v.1.2);
- Da constância do
Protetor (v.3.4);
- Do cuidado do Protetor
(v.5-7);
- Da companhia do Protetor
(v.8);
E que assim seja em nossas
vida.
Oh, e agora? A quem pedir
por socorro?
Deixe o bom e velho
seriado mexicano para aqueles momentos de entretenimento. Agora, quando forem
falar com Deus:
“É assim que eu quero que
vocês façam: encontrem um local tranquilo e isolado, de modo que não sejam
tentados a interpretar diante de Deus. Apenas fique lá, tão simples e
honestamente quanto conseguir. Desse modo, o centro da atenção será Deus, não
vocês, e vocês começaram a perceber sua graça”. – (Palavras de Jesus, no
evangelho de Mateus 6.6, versão “A Mensagem”).
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