Desapontado. Ou desesperado. Ou melancólico. Ou desanimado. Ou frustrado. Não sei ao certo como explicar as percepções que me incomodam. Só sei que sinto. Sinto muito. Sinto confirmar que percebo muita perda de tempo em muitas pessoas e lugares que chamamos igreja.
Faz décadas que luto para servir a Jesus o melhor que posso. Faz décadas que falho. Faz décadas que não apenas eu, muitas outras coisas falham. Reuniões. Perdi a conta do número de reuniões inúteis que já participei, mas não esqueço aquelas que se mostraram realmente produtivas e necessárias.
Perde-se muito tempo com reuniões. A cada ano, menos tempo se tem e mais reuniões se marcam. Deixemos as boas reuniões num lugar de honra, é sobre as ruins que me refiro. São ruins porque são desprovidas de foco e propósito.
São ruins porque nelas se desfilam egos hipócritas, inflados através de muita gente que só existe em função de um cargo, passado o tempo do cargo viram fumaça. Também são ruins porque em muitas dessas reuniões se zomba de nomes, sobrenomes, famílias. Também se julga com a mesma régua usada pelos fariseus. Perda de tempo, sinto calafrios quando se fala em reuniões como essas.
E o pode e não pode? Como se gasta tempo com essas discussões. Saia ou calça comprida. Cabelo curto ou crescido. Cinema ou televisão. Maiô ou biquíni. Música sacra ou música secular. A ou B. Verde ou amarelo. Seis ou meia dúzia.
Ao longo desses anos já vi famílias perderem a amizade e o respeito numa discussão sobre a terra ser redonda ou quadrada. Vi garota sserem desqualificadas por causa de um par de brinco. E não era brincadeira. Tempo ao vento, tempo desprezado, tempo perdido.
E o desfile de vaidades? Salomão que o diga, sentiu nas vestes ena pele. Temos muitos palcos e pouquíssimos altares hoje em dia. É muita luz e muita fumaça para conter o inchaço das vaidades que cantam, tocam, pregam, coreografam, dramatizam, pulam. Nestes anos tenho transitado por um lugar perigosíssimo para a manutenção da fé, os bastidores do reino. Presenciei brigas entre talentos que não ouso revelar os nomes, foram momentos que senti o cheiro podre da vaidade. Os caras da bênção no palco eram os mesmos da maldição atrás do palco. Os mesmos tipos de ciúmes e invejas assisto entre anônimos. É vaidade consumindo tempo, muito tempo.
Eugene Peterson diz que o diabo não gasta seu tempo tentando-nos a fazer algo que sabemos ser mau, ele esconde aquilo que é mau em algo bom e depois nos tenta com aquilo que é bom. Concordo. Reunião deveria ser sempre uma coisa boa, assim como as regras e o desempenho nos altares consagrados para se adorar ao Senhor e proclamar seu evangelho. No entanto, tem sido através dessas coisas boas que tenho assistido tanto mal entre o povo de Deus. O mesmo Eugene fecha seu pensamento com a seguinte afirmação: Jesus não foi tentado pelo mal evidente, mas pelo bem aparente.
Nosso tempo é precioso demais para nos auto-destruirmos com tradições ultrapassadas, costumes idolatrados, pessoas beatificadas, manias endeusadas. Já é tempo de olharmos corações e não aparências. Valorizarmos o essencial e tolerarmos mais as pequenas falhas, as ingênuas atitudes, as pequenas esperanças. Tem muita gente se perdendo num mundo sem Deus para ficarmos perdendo tempo na igreja de Deus.
O diabo não perde tempo. Não vamos dar ainda mais tempo para ele. Amar e perdoar são gestos poderosos que podem mudar oritmo de cada rotina. Sua vida é dada por Deus, seu tempo é dom de Deus.
Gaste-o com inteligência. Redefina suas ações agora, enquanto ainda há tempo.
Fonte: Guiame, Por Edmilson Mendes
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