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17 de março de 2012

Dorme em paz, meu anjo


Dorme em paz meu anjo.
Eu já disse essa frase muitas vezes

Como pai de três jovens-adolescentes ainda me lembro bem da hora de colocá-los para dormir, das orações ao pé da cama, das histórias contadas que, normalmente, não eram inéditas, por que criança sempre gosta das mesmas histórias. Lembro bem das noites de medo também, quando um deles não conseguia dormir com pavor de alguma coisa que nem sabia dizer o que. Medo da vida? Medo de crescer? Não, por estas coisas. Em relação a eles, nós, os pais, é que perdemos o sono. Medo de criança é coisa que vai embora com um simples afago e com a presença de quem os ama e que, por isso, elas se sentem seguras.

Isso sempre funcionou.
Sentar ao lado da cama, fazer um carinho e uma oração. Pronto, dormiu.
Sempre funcionou assim.

Lembro da notícia sobre o funeral da cantora britânica Amy Winehouse, 27 anos. A mídia se utilizou dela assim como ela se utilizou de tudo que podia destruí-la. Amy Winehouse se matou. Se matou desde o dia em que conheceu as drogas.

Diante do caixão com o corpo da cantora, seu pai, Mitch Winehouse, durante a cerimônia fúnebre realizada no cemitério Edwarebury, em Londres, disse as seguintes palavras de despedida: “Boa noite meu anjo, durma em paz”.

Meu coração se espremeu todo quando li isso.

Pensei que talvez fossem estas as palavras que ele dizia ao colocar a filha para dormir quando criança. Ali não estava a cantora, a louca, a musa dos escândalos. Ali jazia o corpo de uma filha. Ao seu lado não estavam os fãs, estava um pai. Winehouse, cantora talentosa, milionária, compositora, mas morreu a morte comum aos que se arriscam no mundo marginal das drogas, inclusive das lícitas, que matam, e muito.

Quem esperava outro fim para ela? Quem, do lado de cá da tela, não sabia que a morte de Amy já não seria uma surpresa? Seus pais. Seu pai e sua mãe, acredito, que ainda tinham esperança, ainda que fosse pouca.

Assim são os pais, esperançosos. Alguns de tanta esperança adoecem, tornam-se ansiosos. Ainda outros não aceitam seus filhos como são. Da esperança passam ao pesadelo do ciúme, tornam-se invejosos. E a gente poderia seguir aqui poetizando estas coisas duras da vida ou se aninhando no amor de mãe e de pai que sempre está nos fortalecendo, mesmo quando nossos ‘velhos’ se vão. Há uma ironia nisso tudo. Pais chamam filhos de anjos, mas os anjos são os pais. Ao menos é o que se espera.

Ao menos é o que deveria haver. Dentro da normalidade da vida é exatamente o que são. Cuidam, ensinam, protegem, perdem, tornam a perder e, não excepcionalmente, fazem isto em silêncio e, também, em uma grande maioria das vezes, recebem o silêncio em troca.

Filhos, honrem os vossos pais.
Como pai, digo, a honra da paternidade é a atenção dos filhos, é o muito obrigado, é a consideração ao que se diz e o reconhecimento ao que se faz.

Pais não provoquem a ira em vossos filhos.
Nenhum filho odeia um pai de graça. O abandono, a violência, a omissão, a distorção, o abuso, o egoísmo, o mau exemplo, a desgraça dos vícios, a traição e coisas semelhantes a estas, desfiguram o pai.

E sobre pai, não se esqueça nunca que o Pai tem cuidado de ti. Que o Pai não dorme nunca e nos guarda sempre em suas mãos. Na maioria das vezes, nada vemos, e nem sabemos, mas o Pai está cuidando de nós. Sem Ele “inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois ele supre aos seus amados enquanto dormem”. (Salmo 127.2).

Enquanto seus filhos descansam, o Pai os supri de tudo. Ele é próprio tudo, em todos. Ele é o nosso Pastor, Ele nunca nos faltará. Mesmo que uma mãe esqueça seu filho, ou um pai se bestialize, o Pai nunca se esquece de suas crianças, e como o de crianças deseja que seja o nosso coração. Honremos o Pai.

Por Pastor Fabio Teixeira

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